quarta-feira, 30 de maio de 2012

O calcanhar que eu não vi e o jogo da bola laranja!

Uma equipa portuguesa na final da Taça dos Campeões era coisa que não se via desde aquela final do Benfica contra o Manchester United em 1968, durante o Maio da Primavera de Praga, quando Bobby Charlton derrotou Eusébio já com os Encarnados sob a maldição de Bela Guttmann.
Por isso naquele Maio de 1987 era obrigatório ver o F.C. Porto de Madjer e Futre e do guarda-redes polaco com nome esquisito. Devo ter escutado nessa altura, pela primeira vez, a gasta frase de que em  jogos Europeus torcemos sempre pelas equipas portuguesas. Seja. Eu queria era "absorver" futebol. Lembro-me que naquela altura aprendia sempre alguma coisa com os comentadores durante os jogos. Alguma regra, tácticas, histórico das competições ou antigos jogadores que não conhecia. Não sei se foi a qualidade dos "locutores" que piorou ou se sou eu que já não "absorvo" tão bem, mas a verdade é que agora não é a mesma coisa.
O que eu não contava é que a minha amiga de sempre, a velha Philco (descobri agora que quer dizer Philadelphia Company) a preto-e-branco se apaga-se de vez. A minha televisão de sempre, com a sua caixa de madeira acastanhada com umas pinceladas de preto e com os seus, penso que oito, compridos botões alinhados na vertical do lado direito do ecrã curvo do cinescópio. Tinha-me acompanhado nas intermináveis manhãs de Sábado onde me ofereceu as inesquecíveis memórias do "Dartacão" ou os desenhos animados checoslovacos apresentados por Vasco Granja e pelo caminho me ensinou a "hablar en español" enquanto me mostrava na TVE (Televisión Española) o que eram capazes de fazer em campo aqueles rapazes da madrilena "Quinta del Buitre". E logo agora, ás portas da final da Taça dos Campeões deixava-me "pendurado". Eu sabia que havia um lado bom nesta "calamidade", a próxima TV com certeza seria a cores e as barras das camisolas do Chaves nos resumos do Domingo Desportivo iam deixar de ser em dois tons de cinza. Fraco consolo para quem ficou sem o directo do "slalom" do Futre pelo lado direito e do mais famoso golo de calcanhar da história do jogo. Ainda assim, aquela vitória azul e branca comprou o bilhete para a Intercontinental, aquela épica batalha com os uruguaios do Peñarol na neve de Tóquio, e essa, apesar dos meus 10 anos e de ser madrugada em Portugal eu não iria perder, ainda por cima a cores! E nunca me irei esquecer desse jogo em que a bola era cor-de-laranja...

2 comentários:

  1. Estimado 1986,

    Existe algum post que exiba o Desportivo de 1998/99?, em imagem, texto, ou ambos?

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