quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Estranho Caso da Paixão pelas Camisolas do Dortmund

Versão 1995/96 
Borussia Dortmund 1-0 Bayern München. Foi preciso esperar até ao minuto 77 do jogo para que no visor do telemóvel aparecesse o resultado por mim esperado. O golo de Robert Lewandowski resolveu definitivamente a questão do titulo alemão da época 2011/2012.
Quem acompanha o futebol de forma mais próxima, sabe que normalmente primeiro aparece o amor pelo nosso clube, depois vamos acumulando Mundiais, Europeus, Competições da UEFA, descobrimos a Copa América, Libertadores e os diferentes Campeonatos Nacionais e é impossível, pelas mais diferentes razões, não ganhar afeição por clubes e selecções que aparentemente nada teriam a ver connosco. Quantos adeptos portugueses ganhou a Fiorentina quando lá chegou Rui Costa? Pela proximidade geográfica quantos transmontanos não se apaixonaram pela magnifica epopeia do Corunha nos tempos do SuperDepor? Quem era do Chelsea antes da era Mourinho? Alguém saberia as cores do Southampton se não tivesse por lá passado o mítico Matt Le Tissier. Quem não se lembra também de quando a Selecção só ia a uma competição internacional a cada duas décadas (66, 84 e 96) e muitos portugueses torciam pelo Brasil por ser o "país irmão". É óbvio que a onda Maradona trouxe para a selecção Argentina, o Boca Juniors e o Nápoles fãs para toda a vida! E quantos não continuam carinhosamente a acompanhar os resultados de um clube do meio da tabela da Bélgica ou Escócia porque aquela paixão de verão estrangeira de à muitos anos lhes deixou essa herança?

No caso do Borussia Dortmund a paixão deu-se pelos olhos. Até meados dos anos 90, para além da admiração pelo "baixinho" Thomas Hassler, a eficácia do futebol alemão além de não me ter seduzido, ainda me tinha dado a desilusão de tirar o segundo titulo mundial à Argentina de Maradona no Itália 90. Mas por essa altura aconteceu um daqueles fenómenos de difícil explicação. As antes nunca vistas camisolas auri-negras do clube da cidade das margens do Ruhr, da longínqua e, naquele tempo, pouco atractiva Bundesliga, desfilavam às dezenas pelas ruas das cidades portuguesas, vestindo turistas emigrantes e nativos. O "feitiço" das diferentes combinações de amarelo e preto da Nike com um grande "C" preto da seguradora Die Continentale na frente que nos eram apresentadas época após época não deixavam ninguém indiferente. Evidentemente, não se pode "desligar" o sucesso das camisolas ao da própria equipa em campo,  que em 1997 acabou por levar uma Champions e uma Intercontinental para Dortmund, com aquela super-equipa onde jogavam Paulo Sousa e o avançado suíço Chapuisat.

Versão 96/97
Nestes anos, talvez a única rival destas camisolas tenha sido o ainda mais estranho fenómeno da Adidas do Newcastle de Alan Shearer que combinava as barras alvi-negras com a publicidade da estrela azul da cerveja Newcastle Brown Ale que muitos confundimos com a da marca de calçado Converse All Star.
Seja como for, para mim, o "feitiço" daquelas camisolas continua, e no que a equipas alemãs diz respeito a minha simpatia ficou sempre com os auri-negros de Dortmund.
Agora que a Nike com o "C" deu lugar à italiana Kappa com dizeres evonic e as vitórias regressaram a originalidade das suas camisolas continua. Vamos esperar que o tempo nos diga quem será mais recordado, esta grande equipa ou a sua nova geração de camisolas amarelas, agora com uma chuva de quadradinhos pretos!

1 comentário:

  1. As camisolas lindíssimas, Andreas Moller, Sammer, Kholer, Chapuisat e a bancada superior do estádio - um hino à beleza. Não sei se ainda é a maior do mundo mas mesmo que não seja permanece a mais bonita do género.
    1986, mágico e brutal.

    Matt Le Tissier.
    Dortmund.
    Alan Shearer and Newcastle United.

    Essas referências são também as minhas, com tantas outras claro mas Dortmund e Newcastle United: vértices dos mais importantes. Não se explica, gosta-se simplesmente, e sente-se. Nunca o Bayer por exemplo cultiva tanto fascínio, e o Bayern bom, o fascínio é de outro tipo: clube muito poderoso com equipas no final dos anos 90 simplesmente brutais. E equipas Alemãs, algo que reforça o fascínio. Effenberg, Khan, Basler e Scholl acima de outros.

    Enfim terei de voltar caro 1986, para ver outras coisas. Parabéns e obrigado pelo que aqui tem / tens.

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